glitters

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Philippe Perrenoud

O objetivo agora não é só passar conteúdos, mas preparar - todos - para a vida na sociedade moderna.

"O aluno acumula saberes, passa nos exames, mas não consegue usar o que aprendeu em situações reais"

Desenvolver competências nos alunos é a palavra de ordem da educação moderna. Para formar pessoas preparadas para a nova realidade social e do trabalho, o professor brasileiro enfrenta o desafio de mudar sua postura frente à classe, ceder tempo de aula para atividades que integrem diversas disciplinas e estar disposto a aprender com a turma.

De nada adianta, porém, exigir mudança do docente se a escola não diminuir o peso dos conteúdos disciplinares e a sociedade não se empenhar em definir quais competências quer que seus estudantes desenvolvam. É isso que defende o sociólogo suíço Philippe Perrenoud, doutor em Sociologia e Antropologia, professor da Universidade de Genebra e especialista em práticas pedagógicas e instituições de ensino. Autor do livro Dez Novas Competências para Ensinar, ele concedeu por e-mail a seguinte entrevista exclusiva.

"O que se sabe verdadeiramente sobre as competências que são necessárias a um desempregado"

Nova Escola: Nesse contexto, quais são as mudanças no papel do professor?
Perrenoud: É inútil exigir esforços sobre-humanos dos professores se o sistema educativo apenas adota a linguagem das competências, sem mudar nada de fundamental. O melhor indício de uma mudança profunda é a diminuição do peso dos conteúdos disciplinares e uma avaliação formativa e certificativa, orientada claramente para as competências. As competências não dão as costas para os saberes, mas não se pode pretender desenvolvê-las sem dedicar o tempo necessário para colocá-las em prática. Não basta juntar uma situação de transferência no final de cada capítulo de um curso convencional. Para o sistema mudar, é preciso reformular seus programas em termos de desenvolvimento de competências verdadeiras, liberar disciplinas, introduzir os ciclos de aprendizagem plurianuais ao longo do curso, chamar para a cooperação profissional e convidar o professor para uma pedagogia diferenciada, mudando, então, sua representação e sua prática.

"A avaliação é o que realmente conta. E ela deve ser feita com problemas complexos e tarefas contextualizadas"

...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Eventos Culturais na Escola

"Opinião: Trabalhar eventos culturais na escola ajuda criança a ter ideia de tempo
Muitos consideram maneira simplista de preencher o planejamento de aula.No entanto, conceitos podem ser muito produtivos para os alunos.
Ana Cássia Maturano Especial para o G1

Comemorar eventos culturais ajuda a criança a desenvolver a noção de tempoO tempo passa. Há pouco falávamos do natal e ano novo. Agora, já vemos o país se organizar para o carnaval. Dizem que o ano começa mesmo após essa data. Alguns prolongam as férias de janeiro, emendando-as com a folia.

Essa festa geralmente acontece em fevereiro, às vezes, em março. Mas não tem jeito. Fevereiro ficou marcado como o mês do carnaval. Assim como outros fatos marcam outras épocas do ano: as festas caipiras em junho, e o natal em dezembro.

As escolas costumam trabalhar essas datas. Muitos torcem o nariz, considerando projetos assim uma mesmice, uma maneira simplista de preencher o planejamento. Pode ser mesmo que algumas instituições utilizem esses temas apenas com esse objetivo. Porém, dependendo do modo como forem trabalhados, podem ser de grande proveito para as crianças.
Um deles é justamente conhecer e perpetuar as tradições de um país. Elas são necessárias para a formação de um povo. Permitem que nos situemos dentro de uma cultura, com determinadas características que também são nossas. Ajuda a criarmos a noção de ser.

Por exemplo, agora no carnaval podemos trabalhar com os pequenos suas origens, o que significam as máscaras, como se forma uma escola de samba. Já na festa junina, entra-se em contato com comidas típicas da roça, com as quais nos deliciamos e nem sabemos de onde vieram. Sem contar as músicas e danças que não fazem parte do dia-a-dia, mas que já ouvimos em algum lugar _entramos em contato com aquilo que faz parte de nossas vidas em sua origem.

Música
Já que falamos em música – e esses diferentes eventos têm as suas próprias – elas possibilitam trabalhar coisas fundamentais. Além de introduzir a criança na poesia através das letras, ajudam no desenvolvimento do ritmo e na discriminação e consciência dos sons _pré-requisitos para o aprendizado da leitura e da escrita. Esses são só alguns exemplos.

Quando comemoramos os diferentes eventos culturais ao longo do ano, incluindo os do círculo familiar, também ajudamos as crianças a desenvolverem a noção de tempo. Sabem que antes da Páscoa vem o carnaval. E que antes de seu aniversário, acontece determinada comemoração. Pouco a pouco, vão construindo a noção de meses e anos, do antes e depois. Até porque, determinadas coisas só ocorrem uma vez ao ano e essa cronologia propicia que pautemos nossa vida por nos situarmos no tempo.

Integração
Sendo referência de nossa existência, termos consciência dessa dimensão ajuda a nos sentirmos mais integrados – não estamos soltos num tempo qualquer. É só pensarmos da necessidade de uma rotina em nossas vidas.

Daí também a importância, voltando ao início do que falamos, de nos apreendermos de nossa cultura. Ela nos ajuda a conhecermos quem somos e a desenvolvermos nossa identidade. Existo num tempo e num lugar. Lugar esse que tem determinadas características.

Sendo assim, as escolas devem ter seus projetos envolvendo datas. Com muita seriedade. Além das diversas possibilidades pedagógicas, eles são importantes por ajudarem no nosso desenvolvimento pessoal.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga) "

A reforma ortográfica, que muda algumas regras de nossa língua portuguesa, já está valendo!


Seguidores